Yom HaAtzmaut – Dia da Independência de Israel
Por Alexandre Dutra
Pastor Batista, Diretor dos Amigos de Sião, Mestre em Letras - Estudos Judaicos (USP).
“Pode uma nação nascer num só dia, ou, pode-se dar à luz um povo num instante? Pois Sião ainda estava em trabalho de parto, e deu à luz seus filhos.” – Isaías 66:8
Qual foi sua história no passado recente que preparou o terreno para que o povo judeu se tornasse essa jovem potencia mundial?
Vejamos alguns eventos importantes que levaram à fundação do Estado de Israel:
Kibutz
Em 1855 temos a primeira grande compra de terra na então chamada “Palestina” do império turco-otomano por colonos judeus, o que vai desencadear a imigração e a criação do Kibutz.
A primeira Aliá (onda de imigração organizada para Israel), ocorreu em 1882. O termo Aliá significa ascensão ou elevação espiritual, e passou a ser usado para designar a imigração de judeus para a Eretz Israel – Terra de Israel.
E aqueles que fazem Aliá, os imigrantes judeus, são chamados ole hadash. Esses judeus em sua maioria vieram da Europa Oriental dirigidos por um idealismo. O Barão Edmund de Rothchild estabeleceu novas vilas e vinhatarias na planície costeira e na Galiléia como incentivo para esses jovens imigrantes.
Com a Aliá surgiram os primeiros Kibutzim (plural de Kibutz), que significa: “reunião” ou “juntos”, ou seja uma forma de coletividade comunitária israelense basicamente agrícola. Os Kibutzim em Israel tiveram uma função muito importante e fundamental na criação do Estado Judeu, preparando através do cultivo da terra a subsistência da nação.
Hebraico
Já em 1880 temos o começo do reavivamento da língua hebraica em Jerusalém levada pelo jornalista e linguista Eliezer Ben-Yehuda, considerado um dos pais do hebraico moderno. Ben-Yehuda, que imigrou para a Palestina em 1881, tornou-se um dos pioneiros no uso do idioma hebraico como língua viva, incentivando a criação de novas palavras.
Um dos grandes feitos de Ben-Yehuda foi a contribuição para a renovação da língua hebraica: a concepção de novas palavras usadas no cotidiano, na literatura e nas ciências, a criação de uma comissão que deu origem à Academia da Língua Hebraica, e a adição do dicionário do hebraico antigo e atual. Ele, também, insistia que as pessoas falassem só o hebraico em casa e que nas escolas fosse ensinado “hebraico em hebraico”.
Sionismo
Somando-se a esses eventos temos a criação do Moderno Sionismo Político fundado pelo Jornalista, teatrólogo e escritor Theodor Herzl (1860-1904).
Em 1896, Theodor Herzl escreve “O Estado Judeu”, onde desenvolveu a ideia da soberania judaica. Onde os judeus só seriam aceitos na comunidade mundial ao se tornarem uma nação como as outras. Para ele, a questão judaica era uma questão política internacional que deveria ser debatida na arena internacional com a aprovação das grandes potências mundiais.
Com esse fim foi fundada a Organização Sionista Mundial. Herzl via o “Estado Judeu” como sendo um estado socialista modelo, neutro, partidário da paz e de natureza secular. Uma utopia socialista. Ele previu uma nova sociedade que iria nascer na Terra de Israel, cooperativista, e que se utilizaria da ciência e da tecnologia para o seu desenvolvimento. No Livro Altneuland (Old New Land), o Estado Judeu é descrito como uma nação pluralista, uma sociedade moderna avançada, uma “luz para as nações”.
No início do Movimento Sionista Herzl conclamou os judeus de posses, como os barões Hirsh e Rothschild para se juntarem ao Movimento Sionista, mas, seus esforços foram em vão. Então, apelou para ao povo, e o resultado foi a convocação do Primeiro Congresso Sionista, na Basiléia, Suíça, em 29 agosto de 1897.
O Primeiro Congresso Sionista foi à primeira reunião mundial de judeus em bases nacionais e seculares, onde os delegados elaboraram o programa do Movimento Sionista e declararam que o sionismo é: “um movimento que procura estabelecer na Palestina, um Lar Nacional para o povo judeu.”
Na abertura do Congresso Theodor Herzl declarou: “Na Basiléia foi fundado o Estado Judeu… Talvez daqui a cinco anos, com certeza em cinquenta, todos se darão conta disso”.
Herzl morreu em Viena, em 1904, já com sua saúde abalada pela pneumonia e problemas no coração. Pelos seus esforços em prol do sionismo, o movimento encontrou seu lugar no mapa político mundial. Em 1949, os restos mortais daquele que cunhou a célebre frase “se nós quisermos, será possível”, foram transferidos para o Monte Herzl, em Jerusalém.
Embora esses importantes eventos tenham acontecido no século XIX, cabe destacar que a presença de judeus na Terra de Israel foi permanente desde a conquista com Josué até os dias atuais.
Cinquenta anos depois do Primeiro Congresso Sionista a profecia de Theodor Hertz se cumpri na sede das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1947 – A Assembleia Geral da ONU em Nova York, presidida pelo embaixador brasileiro Oswaldo Aranha decide, com 33 votos contra 13 e 10 abstenções, dividir a Palestina em um Estado Árabe e um Judeu, internacionalizando Jerusalém.
Estado Judeu
No dia 14 de maio de 1948 – O Estado de Israel – Encerra-se o mandato britânico, e entra em vigor a decisão da ONU. Na tarde desse dia, às quatro horas é anunciada a independência do Estado de Israel. Seu primeiro Primeiro-Ministro, David Ben-Gurion, declara o novo Estado Judeu com uma proclamação de 1000 palavras, sendo a frase inicial: “Na Terra de Israel formou-se o Povo Judeu”, e a última: “Em confiança na Rocha de Israel.”
Em 14 de maio de 1948, foi fundado o Estado Judeu, Ben-Gurion se levantou e compartilhou com o mundo: “Aqui é o Estado de Israel… Por 2.000 anos esperamos por esta hora, e, agora aconteceu. Quando o tempo se cumpre, nada pode resistir a Deus” (Norbert Lieth, O Estado Judeu, pg.15).
Ditado Judeu: “Dez medidas de formosura desceram à terra. Jerusalém recebeu nove delas. O resto do mundo, uma. Dez medida de sofrimento desceram à terra. Jerusalém recebeu nove elas. O resto do mundo, uma.”
No dia seguinte à proclamação da independência do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, os exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadem o país com o propósito confesso de expulsar os judeus da terra, e “afogá-los no Mar Mediterrâneo”. Após a assinatura do armistício em 1949, a planície costeira, a Galiléia e todo o Neguev ficaram sob soberania israelense; a Judéia e a Samaria (a margem ocidental) ficaram sob domínio da Jordânia; e a Faixa de Gaza, sob administração egípcia. A cidade velha de Jerusalém com a Jordânia. No conflito, foram mortos 6.000 judeus, equivalente a 1% da população.
Israel moderno
O moderno Israel possui 20,770 Km2 (tendo 60% deste total ocupado por deserto) e 8,1 milhões de cidadãos (sendo 75,3% judeus). Para você ter uma ideia, os 22 estados árabes possuem 350 milhões de habitantes, enquanto os 60 países islâmicos já somam 1,2 bilhão de seguidores. Se os números são desproporcionais, o desenvolvimento também é.
Apesar de ser obrigado a investir cerca 10% do PIB na defesa do país, Israel é o país que mais gasta com pesquisa e desenvolvimento (P&D): são 4,4% do seu PIB, quase o dobro da média (2,4%) dos 34 países desenvolvidos que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Toda empresa multinacional de tecnologia do mundo tem um centro de P&D em Israel, incluindo Intel, IBM, Microsoft, Google, Facebook e Apple. O país também possui mais empresas listadas na Bolsa Eletrônica “Nasdaq” do que toda a comunidade europeia junta. Israel possui o segundo maior número de companhias startups no mundo, logo depois dos Estados Unidos.
Cientistas israelenses que criaram: o telefone celular (laboratório da Motorola), a tecnologia de chips para o processador Pentium (laboratório da Intel), o sistema de armazenamento de voz (“voice mail”), o primeiro programa antivírus para computadores e o ICQ, programa de comunicação instantânea pioneiro na Internet.
Apesar dos limitados recursos naturais, o intensivo desenvolvimento industrial e da agricultura ao longo das últimas décadas fez com que Israel se tornasse amplamente auto suficiente na produção de alimentos. Ele é reconhecido mundialmente por suas tecnologias de ponta em reuso, dessalinização e controle de perdas de água. Israel nos últimos cem anos plantou cem milhões de árvores e é o único país no mundo que fez o deserto recuar.
E o primeiro no ranking mundial/per capita, tanto em números de artigos científicos como em patentes de equipamentos médicos.
Foi uma empresa israelense que desenvolveu o exame de sangue que permite diagnosticar ataques cardíacos por telefone; o primeiro sistema para detecção de câncer de mama isento de radiação e monitorado por computador; a primeira filmadora em forma de cápsula ingerível, que permite o exame do intestino delgado; e o diagnóstico de câncer e de disfunções digestivas. Contando com apenas 0,2% da população mundial, os judeus já conquistaram 22% de todos os “Prêmios Nobel”.
Em termos educacionais, Israel também se destaca: possui o maior percentual em número de diplomas de curso superior e centros de referências em várias especialidades, como os institutos Technion (Tecnologia) e Weizmann (Ciências), a Universidade Hebraica de Jerusalém, está entre as 100 melhores do mundo.
E quando o assunto é esporte, Israel disputa torneios com os países europeus, mas ainda assim faz bonito: o time Maccabi Tel Aviv já se sagrou campeão da “Copa Intercontinental”, foi vice-campeão mundial em 2014, quando perdeu para o Flamengo, ganhou o campeonato europeu de basquetebol seis vezes (é o segundo clube com mais conquistas da Euro-liga na história). Também foi a primeira equipe europeia a vencer uma equipe da NBA em solo norte-americano.
No quesito política, Israel se orgulha da democracia e pluralidade, absorvendo as mais variadas ideologias, etnias, credos e religiões. Os árabes israelenses, por exemplo, tem sua representatividade no Parlamento, assim como as mulheres têm voz ativa no Parlamento. Em 2013 a imigrante etíope Yitish Aynaw foi eleita “Miss Israel”.
O respeito à diversidade é uma das características do povo judeu, eternizado com a criação do Estado Judeu. O embaixador de Israel no Brasil até o ano de 2017 era de origem drusa. Como vemos a pergunta retórica em Romanos 11:1-2b “Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu”.
Fonte: GOSPEL PRIME